Sonetos

Por Paulo Medeiros.



É Impossivel Esquecer-te!

Enquanto finda a tarde, atrás de um monte,
E a mata silencia - o Sol é posto -,
Procuro, inda, na aurora, ao horizonte,
Brilho e beleza, como há no teu rosto.
A saudade que sinto, agora, é fonte
Da imensa dor, à qual estou exposto.
Rezo ao entardecer, então, que aponte,
Antes da noite, um fim prá o meu desgosto.
Pois sei que a Lua vai me achar sofrendo
E, se eu dormir, será pelo cansaço
Da longa espera prá te ver chegando.
Mas, mesmo quase eterno o sono sendo,
Não terei esquecido o teu abraço
Se, ao acordar, inda estiver chorando.
Por Bernardo Trancoso.

Amor Profano.

Perto ou longe!



Tua pele macia, teu sorriso,
Conferem-te inocência que não tens;
Perfume tentador, vestido liso,
Seduzem alma e olhos meus, reféns.
Falar da voz de anjo, nem preciso;
Conquista-me o teu corpo. Quando vens,
Torna-se o mundo inteiro um paraíso;
São o amor e a alegria os nossos bens.
Quando voltas, porém, prá tua terra,
Tanta saudade encerra o coração,
Que a solidão meu peito nem comporta.
Se, em não te ter, razão tal dor enterra,
Irei, sei que o motivo não importa,
Perto ou longe, morrer desta paixão.
Bernardo Trancoso