Ser sem dono

Desfolho-me Por Kristina
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És livre e...
Voas lá no alto das serranias
Tens em ti a liberdade do condor
Acusaste e recusaste desde sempre
A canga e o jugo que tentaram impor.
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Tentaram fazer de ti um ser errante
Reduzir-te ao som das achas que no fogo entoam.
Desengane-se quem assim é ignorante
Porque és livre como a mais livre das águias
Que nos píncaros lá da minha serra voam.
Não conheces marcos nem fronteiras
És felina caçadora na pradaria.
Não gostas de masmorras ou ratoeiras
E gostas de Voar ao raiar do dia.
Tens em ti a mágua por curar
Duma época que pensas ser tardia,
Mas enquanto não esqueceres e perdoares,
Jamais sentirás como sentiste a maresia.
Sei que...
Somos composição da mesma lágrima
Somos o sol e a estrela que se finda lá na serra
Somos luz que cai dos nossos olhos
Somos por do sol que se estende na minha terra.
És livre e...
Contemplas lá do alto as pradarias
Os campos e as searas por ceifar
Procuras resguardar sempre o teu ninho
Que com a tua força no cume foste edificar.
Poisada lá no alto na ponta duma fraga
Sentes e consentes que o verão está a findar.
Pressentes com tristeza o odor do Outono
MAs que ninguém se atravesse no teu voar
Pois foste, és e sempre serás um ser sem dono.
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És do melhor que o mundo tem!
Furacão, sol e estrela polar,
Princesa, mulher e mãe.

Por António Maria

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